11.12.12

Entrevista: ALAN YANGO


Pra começar, nome, idade, onde nasceu e onde mora atualmente.
Alan Souza dos Santos, 39 anos, nascido em Belém do Pará, onde continuo morando.

Quando você começou a ler quadrinhos e qual foi o primeiro que caiu nas suas mãos?
Comecei por volta dos 7, 8 anos. Creio que o 1º que li foi o encontro do Capitão Marvel (Shazam) com o Superman, publicado pela Ebal.

Você também desenha ou só escreve HQs?
Desenho bem pouco, hoje em dia, uns rascunhos aqui e ali. Minhas atividades relacionadas aos quadrinhos hoje em dia são roteiros e a edição da revista do Maximus.

Qual a origem do sobrenome artístico YANGO?
O Yango vem de uma busca que eu fiz por um pseudônimo interessante, isso em meados de 1986. Peguei uma revista da Editora Abril, a Heróis em Ação (n° 1, salvo engano), e tinha uma aventura do Superboy contra um gorila kriptoniano chamado... YANGO (rsrsrs). Desde essa data adotei o sobrenome.

Fala pra gente como surgiu o selo Yangoverso.
O Yangoverso Quadrinhos surgiu basicamente com a ideia de publicar meus personagens. Quero fazer as coisas do modo certo. A intenção é futuramente tornar o selo Yangoverso uma editora de quadrinhos de verdade.
Seu principal personagem é o Poderoso Máximus. Quando e como ele surgiu?
O Maximus foi criado em novembro de 1999. Inicialmente ele era um heroi cômico, coadjuvante de um projeto que eu tinha bolado, algo no estilo dos Simpsons. Tudo foi pra gaveta. Alguns anos depois, revendo alguns rascunhos, achei o do Maximus e só de brincadeira adaptei para um traço mais acadêmico. Gostei, mas engavetei novamente (rsrsrs). Em meados de 2006, salvo engano, comecei a postar meus desenhos em um fotolog. O Maximus teve uma boa receptividade com os visitantes, que começaram a postar fanartes dele em seus blogs. Essas artes podem ser encontradas em outro fotolog que montei especificamente para elas. Um tempo depois resolvi desenvolver uma HQ dele e postei em um blog.  Novamente o pessoal curtiu, então não parei mais. Na verdade só desenhei 2 HQs do heroi, as demais foram feitas por amigos colaboradores, como Márcio Henrique, Emmanuel Thomas, etc...

Quais outros personagens você criou e já foram publicados?
Tenho uma gama de personagens que pretendo publicar. Dos que já foram publicados, quer na web, quer impresso, estão o Sepulcro (que antes se chamava Crepúsculo), que publico no meu blog e já saiu em uma edição da Tempestade Cerebral, revista do amigo Alex Mir e na Ponto de Fuga, daqui de Belém; esta, em sua próxima edição trará HQs do Maximus e do Marginal (um anti-heroi); ainda no blog já publiquei a Defensora (que também foi publicada na Ponto de Fuga, o Caçador Urbano e a vampira Zulla (não relacionada ao núcleo de heróis). Na última edição do Maximus publiquei a origem da Ígnea e na próxima trarei o Extensor. Vale lembrar que o Maximus já foi publicado também em uma Grandes Encontros, do Samicler Gonçalves, e na francesa La Bouche du Monde, do Eduardo Barbier. As coisas vão caminhando...

Você usa muito o Estado do Pará como cenário pras suas HQs. Esse regionalismo ajuda nas vendas Brasil afora ou dificulta em alguma coisa?
Acho que nem ajuda e nem dificulta, embora eu já tenha ouvido por aqui que heroi paraense não tem nada a ver... mas paciência. O que não posso é escrever minhas histórias ocorrendo em cidades que não conheço ou nada tenham a ver com nossa realidade.

Como sempre, tem uma turminha preconceituosa na internet que adora falar mal de quadrinho nacional e você, assim como todos os artistas brasileiros, já teve de encarar gente assim.
Sim, sim.. tanto na net quanto frente a frente. Mas prefiro nem me estressar com esses babacas.


A primeira revista do Maximus saiu em janeiro de 2011, a n° 2 em maio de 2012 e a n° 3 em setembro do mesmo ano. Quais as principais dificuldades que você enfrentou pra produzir as revistas?
A de todo produtor independente: a falta de apoio. A 1ª edição eu suei muito correndo atrás de patrocínio, em vão. Tive que meter a mão no bolso mesmo para ver meu sonho realizado. A 2ª teve um hiato de mais de um ano, no qual eu quase desisti de publicar, mas afinal consegui alguns anunciantes para a capa, o que viabilizou a impressão da revista. A 3ª saiu em uma correria só, para ser lançada durante a Feira do Livro de Belém, mas também contou com o apoio de anunciantes. Acho que já posso dizer que a revista está se encontrando.



Vi no blog do Yangoverso que você produziu bonecos articulados e em chumbo do Maximus, além de papertoys* do personagem. Quem te ajuda nesses produtos? Eles estão a venda?
Na verdade são customizações que encomendo com alguns profissionais, nenhum está à venda. Os papertoys eu mesmo produzi, com base em alguns que encontrei pela net. Pretendo mais pra frente, produzir algumas estatuetas em série do heroi para comercializar.

Você usa muito a mídia local e a internet para divulgar as revistas. Propaganda é mesmo a alma do negócio?
Com toda certeza! Temos de nos fazer aparecer, mostrar nosso produto. Não tem sentido produzir algo e não dar a ele visibilidade. A Internet é um veículo maravilhoso de divulgação.

Você também disponibiliza HQs de seus personagens para download. O leitor conhecer de antemão os personagens ajuda nas vendas?
Acredito que sim. Se o leitor tiver a oportunidade de ler uma HQ online e achar interessante, tenho certeza que irá buscar sua versão impressa. Por mais interessante que seja uma webcomic, ela não se compara ao prazer de folhear uma revista.


O Estado do Pará tem grandes expoentes da nona arte como Joe Bennet, Jack Jadson e muitos outros. Você mantém contato com esse artistas?
Conheço praticamente toda a galera que faz quadrinhos em Belém: Bené (Joe Bennett), Jadson, Carlos Paul, Moyses Damasceno, Peter Vale, entre outros... O Bené e o Jadson, por exemplo, conheço a mais de 20 anos e sim, mantenho contato tanto com os profissionais quanto com os amadores do meio.

Ainda sobre a cena paraense de quadrinhos, tem muitos grupos de quadrinhistas por lá?
Tive a honra de ter sido membro-fundado do primeiro grupo de quadrinhos que se formou em Belém, nos anos 90, o Ponto de Fuga (já extinto), formado após uma oficina de quadrinhos com o Bené e o Gian Danton. Há alguns anos um novo grupo de formou, logo após um workshop com o quadrinhista Miguel de Lalor (que antes de se mudar para a França e trabalhar para a Dargaud fez parte do do Ponto de Fuga também). Parece-me que esse grupo, o Catarse, também já encerrou suas atividades.

E os eventos sobre quadrinhos, acontecem com frequência?
O primeiro evento oficial aconteceu em maio deste ano, o Muiraquicon, que trouxe alguns desenhistas de peso do mercado americano. Antes disso o que rolava eram mais exposições, oficinas e bate-papos.


Quem são seus aliados na produção das revistas?
Cara... Deus, em 1º lugar, minha esposa Cleidiane que me apoia sempre, meus amigos de longa data que se dispõem a transformar meus roteiros em quadrinhos, propriamente ditos: Emmanuel Thomaz, Marcio Henrique, Alex Barros, Fábio Nahon, Alexandre Nascimento, André Ciderfao e Carlos Paul.

Você já tentou apresentar o personagem para editoras fora do Brasil?
Não. Não é do meu interesse. Estou na luta por um quadrinho nacional forte, com autores e personagens fortes.

Você é formado em Direito pela UFPA. Exerce a profissão?
Não. Eu seria um péssimo advogado. Costumo dizer que não sou safado e mentiroso o bastante para isso (rsrsrs).

Pra finalizar, conta pra gente sobre aquela situação hilária da entrevista com o repórter fantasiado de Maximus.
A Record entrou em contato pedindo uma entrevista, o que eu aceitei, claro. Seria para o Balanço Geral local, com o “repórter maluco” Igor Monteiro vestido como o heroi. Hilário, já que o Igor é “meio” gordinho... A visita dele durou quase uma hora, gravando comigo, esposa, irmãos e sobrinhos, em uma sequência de cenas super engraçadas... deu no que deu (rsrsrs).

O Tinta Nankin agradece a você, Alan, por disponibilizar tempo pra responder nossas perguntas. Que o Maximus, e todos os outros personagens do Yangoverso, continue alçando grandes voos no mercado brasileiro de HQs.

Facebook de Alan Yango.
Yangoverso Quadrinhos.

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* Papertoy é um método de construção de modelos em 3D com papel, feitos em diversos pedaços separados em formato de polígonos, posteriormente cortados e colados. Com a internet, se tornou um hobby mundial.