12.11.12

Entrevista: CARLOS HENRY

Pra começar diga seu nome, idade, onde nasceu e onde mora atualmente. 
Carlos Henrique da Silva, 40 anos, nascido no Rio de Janeiro e vivendo atualmente na Paraíba.

Qual a primeira HQ que você leu? 
Aos 6 anos, quando meu pai voltava do trabalho trazia gibis do Batman e Capitão América, pra mim e meu irmão gêmeo, Beto, ler.

E material nacional, qual você tinha acesso? 
Foi com a revista Spektro, da saudosa Editora Vecchi, onde tinham desenhos sensacionais de Shimamoto, Watson Portela, Elmano, Olendino... Vim conhecer por meados de 1985 o Raio Negro, por uma antologia publicada pela Grafipar. Também Spektreman, os Trapalhões, Histórias Reais de Lobisomen, na Bloch. Depois comprei a coleção completa de Circo, InterQuadrinhos, Porrada Especial, Pau Brasil, Metal Pesado e outras.

Qual desenhista\roteirista ou personagem era seu favorito nessa época?
Watson Portela e Mozart Couto, emparelhados! Dos gringos, John Byrne e George Pérez.

E como você começou a desenhar suas HQs? 
Desde pequeno eu rabiscava cenas de filmes de ficção científica, terror, o seriado dos anos 60 do Batman, Piratas, Dinossauros... depois, com uns 13 anos, passei a criar super-heróis, com muita influência da DC e Marvel. Comecei em 1989/90 a publicar no fanzine Ponto de Fuga, impresso na gráfica da UFRJ. O editor era um atendente de lanchonete que ficava no andar da Escola de Belas Artes, chamado Paulo Henrique. Ele e outras feras participavam, alunos de lá ou não. Eu não era aluno de lá.

Sempre teve acesso a material de desenho ou era difícil achá-los onde você morava? 
Sempre foi fácil. No bairro onde morava tinha duas lojas de material de desenho.

Fez algum curso de desenho pra aprimorar o traço? 
Fiz curso de Desenho de Propaganda, no Senac, basicamente, em 1985 ou 1986, não lembro bem. Antes, meu pai tinha me matriculado no Curso de Desenho Por Correspondência do Instituto Universal Brasileiro, mas achava a linguagem complicada e muito cheio de regras pra época. Tinha só 12 anos.

Quais personagens você criou e quais já foram publicados? 
O mais conhecido, Lobo Guará, foi publicado em título próprio pelo selo Escala Graphic Talents n° 16, em outubro de 2003, num arco completo com 3 HQs a cores: “Sagrado Coração da Terra”, “Inferno Verde” e “Irmãos de Sangue”. Lembrando que foi publicado pela primeira vez em janeiro/fevereiro de 2000 na revista Impacto - Fabricado No Brasil n° 2 , da Taquara Editorial. Nesta versão, estreou em P&B, com a HQ “Sagrado Coração da Terra” apenas. Depois pelo meu selo Excelsior Quadrinhos, de webcomics, vieram Panteão (super grupo), Rasga-Mortalha e Alma, publicados no site NHQ. De forma impressa, na revista Prismarte 50 e 52, publiquei Panteão (Ninho de Cobras) e Rasga-Mortalha (Invernos Passados). Em ambos, tentei seguir um estilo de HQ “super-herói”, porém menos pretensiosa e com temas mais identificáveis aos brasileiros, como corrupção política e violência contra mulher.

Fale mais um pouco sobre seu personagem Lobo Guará. 
O Lobo Guará é um herói selvagem, que vive na Amazônia e teve seus genes humanos misturados com o animal que lhe dá o nome. Protetor da floresta e de seus habitantes, é visto pelos indígenas como um Deus, por vezes confundido pelos caçadores com o Caipora. Também tem influências da mitologia indígena brasileira, FC e no livro “Meninos do Brazil”,de Ira Levin. A idéia é proporcionar ao público jovem, uma alternativa de super-herói com qualidade de produção, que com certeza, fez e faz sucesso em todo Brasil. Está na lista de tarefas voltar com ele, com uma forma nova de ver. Aguardem.

A algum tempo atrás vi uma amostra dele como desenho animado. O projeto vingou? 
Não vingou porque o animador/diretor queria fazer muitas mudanças e não estava sendo responsável, querendo fazer mais por hobby do que investimento.

Você também cogitou publicá-lo lá fora. Como anda esse projeto? 
Ele está em espera, para breve. Já está com o arquivo na gráfica Ka-Blam, dos EUA. Será Impressão Por Demanda. Aguardem...

Como você conseguiu entrar no concorrido mercado dos comics? 
Eu havia começado com ilustrações de RPG, na Mongoose Publishing. Eu mesmo entrei em contato com várias editoras deste segmento e tinha um agente pra ajudar nos pagamentos. Este agente era famoso por dar calotes nos desenhistas de quadrinhos e quase entro na dança também, não fosse minha insistência em cobrar (risos). Fiz entre 2003 e 2004. Além da Mongoose, para este segmento, também fiz ilustrações para Elemental Lands e Goodman Games. Na arte-final, tive o prazer de ter Josival Pereira, talentoso quadrinhista e ilustrador da Paraíba, além de grande amigo.

Qual trabalho pros EUA você mais gostou de fazer? 
Death Squad, para Argo Comics. O editor, Dan Sehn, é uma ótima pessoa e honesto. Valoriza o artista e o respeita.

Pra quais editoras você já trabalhou? 
Death Squad e Paladins (Argo Comics), Archers Team (Chameleon Studio, apenas uma Pin-Up pra um evento de HQ nos EUA e ainda levei calote), Satan’s Fawn (Chiamera Comics, uma mini-série de 4 edições que desenhei apenas 1 edição, que sumiram sem nem me pagar) e capas para Nuclea, Wyldfire e D-Frost (12 Comics).

Depois de algum tempo você se “desencantou” com os comics e se voltou pra publicidade. Qual o motivo? 
Muita exigência dos editores americanos e pouca remuneração. Atualmente, estão valorizando mais, o que quase me faz pensar em tentar novamente. Não sou do tipo que fica extasiado por estar publicando nos EUA. Pra mim, é trabalho apenas, mais um cliente. Não tenho aquele vislumbre que muitos tem, nem paciência pra fazer inúmeros testes. Não tenho ambição de ter de me matar pra publicar na Marvel ou DC, fazer carreira. Prefiro uma vida mais tranqüila, fazendo design ou desenhando ilustras, mesmo ganhando menos. É importante pra mim ter tempo pra família, amigos, lazer, ler livros, Hqs... e fazer HQ toma MUITO tempo, o artista não tem feriado, não tem final de semana... não quero isso pra mim!

Qual material você usa pra trabalhar? E qual você não recomenda? 
Gosto do Canson 60 gr pra desenho e do Bloco Padrão pra HQ, com aquele papel mais acetinado. Lápis HB,Lapiseiras HB e 2b, com minas 03, 05 e 07. Só faço A3 quando necessário.

Quais artistas nacionais você tem como ponto de referência? 
Renato Silva, Edmundo Rodrigues,Eugênio Colonesse, Seabra, Mozart Couto, Watson Portela, Arthur Garcia, Hector Gómez Alisio, Joe Bennet, Mike Deodato, Ivan Reis, Eddy Barrows, Al Rio, Adriana Melo, Ely Barbosa, Cedraz, Aluir Amâncio, Rogério e Ridaut (os 3 que faziam a revista do Senninha), Lan, Laerte, Bira Dantas.

Você é um dos grandes entusiastas do quadrinho nacional. Explica pra gente o selo Excelsior Quadrinhos. 
Existe o Excelsior Quadrinhos, que surgiu publicando no site NHQ, voltado pra Brasil e o Excelsior Comics, voltado para os EUA. No “Excelsior Quadrinhos”, viso publicar super-heróis brasileiros criados por mim, de forma indie (independente), depois de ter passado pelo formato webcomics, para o mercado brasileiro. Conto com a ajuda de vários colegas quadrinhistas na produção. Já no “Excelsior Comics”, sou editor de séries voltadas para os EUA, começando como webcomics, de forma gratuita, e que, depois, irão ser impressas. Sou autor de uma delas, “City Of Dreams”, com roteiro de Ron Fortier.

Qual o diferencial do seu livro “Super-Brazucas – O Universo dos Super-Heróis Brasileiros”, para o de outros autores que já saíram com o mesmo tema? 
O livro “Super Brazucas- O Universo dos Super-Heróis Brasileiros”, publicado pela editora Ag Books, busca mostrar o universo de ontem e hoje do gênero super-herói brasileiro. Compila as edições 0 e 1 da revista digital “Quadrinhos em Ação”, especializada no segmento, resgatando autores e personagens.

Pra finalizar, tem novos projetos saindo do forno? 
Bom,a edição #1 de 4 de “City of Dreams” esta online de forma gratuita e pretendo em janeiro publicar a edição impressa pra venda, junto com meu mangá infanto-juvenil Eco Teen. Existem outros projetos mas é cedo pra poder falar. Apenas peço que aguardem...




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